Patrono - Antonio de Alcântara Machado
Antônio Castilho Alcântara Machado d´Oliveira conhecido como Antônio Alcântara Machado (São Paulo, 25 de maio de 1901 – Rio de Janeiro, 14 de abril de 1935) viveu apenas trinta e quatro anos. Filho de família ilustre da capital do Estado de São Paulo, suas raízes se estendem por aquilo que ficou conhecido como os quatrocentões da cidade.
Teve educação esmerada, desde a infância, e frequentou o tradicional Ginásio São Bento. Se formou, em 1923, na Faculdade de Direito de São Paulo, aos vinte e dois anos. Não entrou para as lides jurídicas.
Desde os dezenove anos se dedicava ao jornalismo. Com esta idade publicou seu primeiro artigo de crítica literária sobre a obra Vultos e Livros, de Arthur Motta, no Jornal do Comércio. O sucesso foi imediato e passou a ser crítico das peças de teatro no mesmo jornal.
Sua viagem, em 1925, para Europa, serviu de inspiração para o seu primeiro livro de crônicas e reportagens, publicado em 1926, que contou com prefácio de Oswald de Andrade, intitulado Pathé-Baby.
Publicou, em 1928, a obra de sua autoria mais conhecida, Brás, Bexiga e Barra Funda. É uma coletânea de contos que narra a vida dos imigrantes italianos e seus descendentes na capital de São Paulo. É uma obra de literatura e um documento histórico sobre a vida na São Paulo de então onde o italiano era mais falado que o português. Na abertura do livro se lê: "Este livro não nasceu livro: nasceu jornal. Estes contos não nasceram contos: nasceram notícias. E este prefácio portanto também não nasceu prefácio: nasceu artigo de fundo".
No mesmo ano juntou esforços com Oswald de Andrade e fundaram a Revista Antropofagia.
Em 1929, lançou a obra Laranja da China. É mais uma coletânea de contos que testemunha a história de então. Passa por todas as classes sociais, dos marginais à alta burguesia paulistana em meio as situações mais inusitadas. A obra, como a anterior, é rica em detalhes do cotidiano.
Sua obra é marcadamente modernista da primeira geração, embora não tenha participado da Semana de Arte Moderna. É um crítico do estilo clássico, rebuscado e da cultura preestabelecida. Usa de uma narrativa curta, unindo realidade e oralidade. Isto facilitou a leitura para o público. Sua obra descreve São Paulo com os detalhes que somente um exímio escritor poderia fazer.
Segundo João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes (1860-1934) conhecido como João Ribeiro, membro da Academia Brasileira de Letras, Antônio Alcântara Machado foi "um dos maiores nomes da literatura contemporânea, na feição modernista que a caracteriza. Não é um exagero dizer que é um mestre sem embargo da sua florida juventude. É realmente um mestre na sua arte de observar e dizer. [...] O seu método experimental a que não escapa o menor traço psicológico é realmente fora do comum."
Antônio Alcântara Machado faleceu devido a complicações na cirurgia de apêndice, no dia 14 de abril de 1935. Deixou incompleto o romance Mana Maria. Suas críticas e crônicas inéditas, de 1926 a 1935, foram publicadas postumamente com o título Cavaquinho e Saxofone.