Titular – Cadeira 05

Acadêmico - Elias Antônio Neto


          Elias nasceu na cidade de Guará, SP, no dia seis de agosto de 1958.
          É filho de Nehif Antônio, advogado, economista e professor, e de Therezinha Deise Prado Antônio, professora. Ambos falecidos.
          Tem apenas uma irmã, Angélica do Prado Antônio Ferreira, dentista, casada com Antônio Ferreira, médico pediatra, residentes em Araguari, MG.

INFÂNCIA

          Era em sua casa, em Guará, que os amigos da vizinhança se reuniam. Lá eram comemorados, todos os anos, com festas memoráveis, os aniversários de nascimento dos irmãos Elias e Angélica. Era, também, em frente à sua casa, que a rua se transformava em campo de futebol de toda a meninada.
          Sua avó paterna e um dos seus tios eram proprietários de uma grande loja de calçados situada na rua principal da cidade de Guará. Lá reuniam-se os amigos de seu tio, para as discussões das políticas local e nacional. Era ali que o Elias passava muitas de suas tardes. Na calçada, em frente à loja, mantinha sua caixa de engraxate para poder aproveitar o movimento e, tentar juntar algum dinheirinho para comprar os gibis que tanto adorava; se sobrasse, poderia ainda ter a satisfação de comprar o ingresso para as sessões de cinema nas matinês de domingo.

PRIMEIROS ESTUDOS

          Elias fez o curso primário em Guará. Sua mãe foi sua primeira professora. No ano em que entrou na escola, um pouco antes de completar sete anos de idade, ganhou de Natal um violão. O vizinho do lado direito de sua casa era professor de música. Foi com ele que o Elias aprendeu seus primeiros acordes e desenvolveu uma grande paixão pelo violão. Tanto que, durante os primeiros anos escolares, era no quintal de sua casa que ele e seus amigos se reuniam para ouvir discos e sonhar com a ideia de montarem um conjunto musical – o que nunca se concretizou.
          Quando criança, um de seus grandes hobbies era construir pontes, em barro, no quintal de sua casa. Gostava também de desenhar. Desenhava bem. Na família, diziam que tinha uma tendência para as atribuições de engenheiro.
          Em sua casa havia um piano, no qual sua mãe e sua irmã tinham aulas com o maestro vizinho. Durante essas aulas, ele ia para a biblioteca de seu pai, ao lado da sala do piano, e ali ficava viajando nas ilustrações das enciclopédias “Trópico” e “O Mundo da Criança”, enquanto era conduzido pelos acordes treinados nas aulas de piano que ouvia.
          A irmã mais nova de seu pai, sua tia Anna, era a vizinha do lado esquerdo de sua casa. Professora no ensino fundamental, era ela quem fazia povoar a imaginação do Elias com os personagens do Sítio do Picapau Amarelo. No escritório de seu pai, em meio a livros de doutrina jurídica e jurisprudência, lá estava a coleção de livros do Monteiro Lobato. Dona Benta, Pedrinho, Narizinho e o Visconde de Sabugosa moram ali. Mas, além das histórias do Monteiro Lobato, pilhas e mais pilhas de revistas em quadrinhos eram lidas e comentadas por ele e por sua tia. Assim, com o Tio Patinhas e o Pato Donald, Mickey e Pateta, o Elias passeava por Patópolis; fazia parte do “Clube do Bolinha”, com o Alvinho e o Carequinha; visitava o Mandrake em Xanadu; e enfrentava inimigos terríveis, na pele do Fantasma, do Batman, do Zorro e do Capitão Marvel.
          No escritório de trabalho de seu pai, onde ficava a biblioteca da casa, era o Elias quem datilografava as cartas e petições judiciais que lhe eram ditadas.
          Durante o último ano de Ginásio e primeiro ano de Colégio, cursados em Guará, vinha de ônibus até Ribeirão Preto, duas tardes na semana, para estudar inglês. Durante esse período, foi também aluno do curso noturno de técnico em contabilidade, no Colégio Comercial Municipal de Guará.
          Todos os anos, a ceia de ano novo da família acontecia na casa de seus pais. Na passagem do ano de 1968 para 1969, um de seus tios – o tio Náufal, poeta, boêmio e advogado, levou a gravação do poema “O dia da criação”, declamada pelo Vinícius de Moraes, para apresentar à família. Por influência desse tio, o Vinícius tornou-se o poeta de sua predileção.
          Cursou o primeiro semestre do segundo ano do Colégio no “El Cajon Valley High School”, na cidade de El Cajon, estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
          Foi durante esse período no exterior, ainda muito jovem, com dificuldades no idioma inglês, que desenvolveu uma grande capacidade de observar. Tomava nota de tudo o que lhe chamava à atenção. E foram cadernos e mais cadernos de anotações, a partir de então.
          Ao retornar, concluído o segundo ano colegial, veio fazer o curso preparatório para os vestibulares em Ribeirão Preto, juntamente com o terceiro ano do curso colegial, no antigo Colégio São José. Empolgado com a ideia de país que estava sendo propagada, e iludido com a ideia de “Brasil Grande”, decidiu que queria cursar engenharia mecânica.

UNIVERSIDADE

          Cursou Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Uberlândia, onde morou em república de amigos que mantém até hoje.
          Além dos cursos regulares na universidade, foi no ambiente de república estudantil que um novo universo foi tomando vulto: longas discussões metafísicas com os colegas, estímulos e desafios para noitadas de música e poesia, tudo isso desenhando uma nova rotina anotada por ele, para ele mesmo, nos inúmeros cadernos que mantinha.
          Foi como observador atento do seu próprio cotidiano que, viajando pelas crônicas do Vinícius de Moraes, foi redirecionado para a produção literária do Rubem Braga. Dele, leu tudo o que podia encontrar. Por sua obra tem uma enorme admiração e carinho, nascidos de sua história como correspondente de guerra que conseguiu falar do cotidiano, conversar com árvores, e contar histórias de meninos e passarinhos.
          Durante todo os anos vividos em Uberlândia, foi professor de inglês em cursos noturnos de idiomas.
          Graduou-se engenheiro mecânico em julho de 1982, depois de cumprir estágio obrigatório na Usina Hidrelétrica de Furnas, na cidade de Piumhi – MG.
          No ano de 1983, mudou-se para São Paulo à procura de trabalho em sua área de formação. Novamente morando em república, voltou a dar aulas de inglês, em cursos de idiomas, para se manter. Caminhava muito por toda a cidade; visitava sebos, livrarias e ia muito aos cinemas. Uma tarde, em uma livraria, folheou “Anarquistas Graças a Deus”, da Zélia Gattai, e viu naquela obra a possibilidade de conhecer um pouco mais a respeito daquela cidade e da rotina de seus moradores de outros tempos. Comprou, em sebos, e leu, todos os livros da Zélia Gattai que conseguiu encontrar. Das histórias contadas por ela, “desembarcou” na vida e nos livros do Jorge Amado: “Mar Morto”, “Jubiabá”, “Capitães da Areia”, os quais lhe despertaram interesse pela leitura da obra do José Lins do Rego, em especial pelos livros que compõem o chamado “ciclo da cana-de-açúcar”: “Menino do Engenho”, “Doidinho”, “Moleque Ricardo”, “Usina” e “Fogo Morto”.
          Como as coisas não iam muito bem em São Paulo, em termos de ganhos financeiros, e por sugestão de um amigo professor de cursinho em Ribeirão Preto, voltou para cá nos primeiros meses do ano de 1984, e logo assumiu aulas de inglês em cursos de idiomas e cursos preparatórios para vestibulares. Foi professor no Curso Anglo, no Colégio e Curso Oswaldo Cruz, nos Cursos Objetivo de Araraquara e de São Carlos. Nesse período conheceu a Denise, sua aluna em um dos cursos de inglês - e com quem veio a se casar.

ENGENHEIRO

          Ao mesmo tempo em que retornava a Ribeirão Preto, ingressava na Faculdade de Direito da UNAERP. Durante o curso, assumiu o trabalho de engenheiro de montagem e manutenção em uma fábrica de produtos químicos instalada em Guará. Em virtude disso, deixou as aulas que havia assumido e voltou para Guará. Contudo, todas as noites, em ônibus de estudantes, vinha a Ribeirão Preto para as aulas na faculdade.
          Quando concluiu a Faculdade de Direito, e em decorrência de um acidente rodoviário, deixou seu trabalho de engenheiro e voltou, definitivamente, para Ribeirão Preto: assumiu novamente aulas em colégios e cursinhos, foi autor de apostilas, e começou a trabalhar no escritório de um advogado conhecido seu.

ADVOGADO

          Por colegas advogados, foi indicado para dar o curso de Direito Constitucional em cursos preparatórios para concursos públicos. Além do Direito Constitucional, também foi professor de Direito Administrativo e Direito Civil.
          Em dezembro de 1988 casou-se com a Denise, sua ex-aluna. A partir daí deixou as aulas de inglês, manteve as aulas nos cursos preparatórios para concursos públicos, e abriu seu próprio escritório – o qual mantém até hoje.
          Concomitantemente com o trabalho em seu escritório, prestava serviços para escritórios maiores ligados a entidades bancárias.
          O Elias sempre foi um estudioso de História. E como adorava ler e comparar as diversas constituições brasileiras, fez o curso de Especialização, em História, na Barão de Mauá, em Ribeirão Preto. Concluiu o curso em 2004, apresentando estudos sobre a evolução da democracia no Brasil, à luz das constituições republicanas.
          Foi membro da Comissão de Ética e Disciplina da Subsecção da OAB-Ribeirão Preto, participando da instrução e conciliação, e redigindo memoriais dos processos disciplinares que lhe eram destinados.
          Em 2015 concluiu o curso de Especialização em Direito Constitucional, pela UNIARA (Universidade de Araraquara), apresentando estudos a respeito da forma de escolha de Ministros para os tribunais constitucionais, no direito comparado.

FAMÍLIA

          Elias está casado há 31 anos com Denise Lopes Rosado Antônio. Denise, graduada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, é médica psiquiatra/psicanalista. Natural de Viçosa, MG, tem seu consultório particular em Ribeirão Preto.
          Elias e Denise são pais de dois filhos: Lígia Rosado Antônio, nascida em 1990, psicóloga formada pela USP-Ribeirão Preto, e Gabriel Elias Rosado Antônio, nascido em 1993, graduado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília.

ENVOLVIMENTO SOCIAL

          Elias é membro do Rotary Club de Ribeirão Preto – Oeste, desde o ano 2000, tendo sido seu presidente no ano rotário 2009/2010. No Rotary foi secretário de governador, membro líder de grupo de estudos profissionais na Grã-Bretanha, e atualmente é o coordenador da Comissão do Rotary Alumni do Distrito 4540.
          É membro do Conselho Consultivo da Distrital Leste da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, e membro da Loja Maçônica Sol da Liberdade.

“NEM UM DIA SEM UMA LINHA (lida ou escrita)”

          Incomodado com tanta anotação guardada ao longo do tempo em seu escritório, e angustiado com a possibilidade de desaparecimento de sua experiência de vida registrada em papéis, resolveu criar e desenvolver um blog na internet. Contido na fala, foi pelo amor à palavra escrita que decidiu transmitir suas mensagens, dar asas às suas ideias, e descortinar o mundo conforme o vê. Nasceu, então, na internet, o “Ipê-Amarelo” – blog no qual ele publica semanalmente seus textos: são memórias, crônicas e ensaios, tudo com uma boa dose de poesia. Combinando palavra escrita, música e fotografia, o “Ipê-Amarelo” segue a máxima do poeta Ferreira Gullar: “a arte existe porque a vida não basta”.
          Das centenas de textos publicados em seu blog, inspirado por muitos de seus amigos e pelas ideias trazidas por Herbert de Souza (o Betinho) em seu livro de 1996 - “A lista de Ailce” -, o Elias selecionou alguns textos que poderiam reconstruir a memória de seu tempo em sua cidade natal. Ilustrou-os com fotos, revisitou ruas, árvores, fatos e personagens da cidade que o viu nascer, e publicou o seu primeiro livro: “Crônicas, Memórias e Devaneios” - editado pela Legis Summa, e lançado no ano de 2018.
          Contente com a receptividade ao seu primeiro livro, selecionou alguns outros textos voltados para a observação e análise do cotidiano e organizou seu segundo livro: “Entre livros e goiabas” – editado também pela Legis Summa, e lançado nos primeiros meses do presente ano. Nesse livro, o Elias mostra suas visões de mundo, suas experiências de vida, e todo seu universo de valores e aprendizados adquiridos pela observação, desde um menino que vende goiabas na rua, passando pelos executivos que apagam a luz do sol, e o concluiu com histórias de cães, pedras, árvores e passarinhos.
 
 

ANTECESSORES

 
 

Antecessor - Alexandre Ireno de S. Azevedo

 
 

Antecessor - Sebastião Porto

 
 

Antecessor - Alarico de Araújo Caldas