Patrono - Euclides da Cunha
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, A regência da cadeira nº 6 desta Academia pertence ao escritor fluminense Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, nascido em 1866, no dia 20 de janeiro, na fazenda Saudade, em Cantagalo.
A palavra cirúrgica de Euclides da Cunha, no começo do século, trabalha os rascunhos da cobertura jornalística sobre a campanha de Canudos (nov.1893-iut.1897), como mera referência para a sua obra Os Sertões. Está ela dominada pela ciência da época. A impropriedade de conceitos científicos nela é compreendido, pois a cultura pós-Proclamação da República (1889) apresentava um complexo cultural importado, certamente construído para legitimar o período da exploração colonial. Para ele, a inferioridade do sertanejo determinada pelo meio áspero, tortuoso e seco das caatingas, não é colocada como uma depreciação definitiva do homem. Reconhece-lhe a coragem e a bravura. Trata-o como “patrício”, acreditando na sua redenção pelo processo civilizatório.
Sua atitude intelectual é movida pela curiosidade obsessiva de conhecer a terra de sua pátria, nosso povo, o sentido e seu desenvolvimento. Quando assume o instrumento de análise estrangeiro, não despreza o espírito crítico, tanto que os conceitos fluem em páginas inteiriças, prova da compreensão assumida. Seu cuidado estilístico na linguagem revela intenção de fazer obra digna do drama, que relata como “o maior escândalo da história do país”. Afinal, o exército combateu um inimigo imaginário. Se, de um lado, havia a coragem sertaneja das antecipadas guerras de guerrilhas do século XX, de outro lado, havia o exército induzido à equivocada matança de brasileiros por brasileiros. Era preciso uma razão falsa para justificar as seguidas surras das armas legais. Inventaram-na assim: os sem-terra e o sem-teto do místico Antônio Conselheiro eram uma ameaça armada por estrangeiros, contra a República, em favor da restauração monárquica. Diz literalmente Euclides “E foi, na significação integral da palavra, um crime, Denunciemo-lo”.