Honorária - Fúlvia Gonçalves
Nasci em Pedreira – SP, em 1937 e, logo ao nascer, com pais e irmãos fomos para Minas Gerais – através da montanha(s) azulada(s) de Poços de Caldas onde vivemos por onze anos.
Ao despertar da vida, na linda infância, a arte através dos traços na calçada de nossa casa despontava a poesia da linha. A cidade era uma festa: com os cassinos abertos, artistas de cinema, rádio, caminhavam pelas ruas, vitrais coloridos das termas inesquecíveis!!
Minha mãe era modista, meu pai funcionário da companhia Mogiana. Mudávamos muito e ele ao ser promovido, ocasiona a nossa mudança para Ribeirão Preto – SP, na década de 60.
Após regulares anos de estudo a minha trajetória artística já se definia devido ao forte pendor para as artes visuais.
Ao sobressair-me como aluna, fui convidada, em 1968, para lecionar na Faculdade onde me formei – era a Faculdade de Artes Plásticas, com ótimos professores-artistas. Participei com Vaccarini, até mesmo do Clube de Cinema que existia na Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto. Foi então que o mestre, que havia no momento produzido um filme de nome “Vôo Cósmico” me levou a participar também da pintura na própria película. Ali éramos “notícias” nos jornais da cidade quase todos os dias. Foi quando começo a conquistar Galerias, Museus e Salões Oficiais e, certo dia, meados de 1974, na Sala dos Professores, diante do livro ponto, deparei-me com o mestre Vaccarini, dirigindo-me a seguinte pergunta: “Artista, você quer expor na Itália?… e assim respondi – “Quero”. Ali começava minha trajetória de Mostras para o exterior.
Com ótimo currículo e já na Pós-Graduação venho para Campinas para trabalho de Ensino e Pesquisa na UNICAMP, a partir de 1976.
Ao participar de grupos de artistas da Universidade, participo inclusive da criação dos Cursos de Extensão e do próprio Instituto de Artes, tendo como fundador o Prof. Rogério Cerqueira Leite e como Reitor o Prof. Dr. Zeferino Vaz, e ainda da criação do Curso de Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas e do Curso de Pós-Graduação, já na época do Reitor Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti.
Minha tese de Doutorado, defendida em fevereiro de 1988, compõe-se de um mergulho na perpetuação da aura da figura de Monalisa, de Leonardo da Vinci, e a partir da reflexão sobre a obra do filósofo Walter Benjamin – “A arte na era da reprodutibilidade técnica”.
Já o Reitor Prof. Dr. Paulo Renato Costa Souza, tive a imensa alegria de recebê-lo em meu atelier. Eu estava em um período de licença e ele próprio veio me trazer uma carta. Tratava-se da aquisição de uma obra de minha autoria pelo Diretor do Museu do LOUVRE – Paris, em 06/11/1989 – Michel Lacluite, que comprovava a referida aquisição.
Fiz estágios que significam muito em minha trajetória artística: atelier do artista Wesley Duke Lee, São Paulo, e Academia de Brera, Milão, Itália.
Além do trabalho artístico que realizo em meu atelier, desenvolvo também atualmente trabalho pedagógico com crianças (9 – 10 anos) na área de artes visuais, no Instituto Popular “Humberto de Campos” – Campinas. Há ali, inclusive, a organização de textos sobre “Um olhar sobre composição gráfica e sua metodologia”, pesquisa esta possível de publicação. O que difere, não tanto, dos meus trabalhos na UNICAMP, tudo isso concluído, neste ano de 2017.
Trabalho em meu atelier, no apartamento, onde resido com Gláucia, minha irmã. Tenho ainda um irmão – Lauro Péricles Gonçalves, que foi prefeito de Campinas, nos anos 70, uma cunhada e sobrinhos – somos em dez.
Este trajeto é uma relação com o espaço e o tempo. É mais uma reflexão que registra na arte princípios poéticos que se mantém ao longo de uma ampla jornada.